Meu amor, minha vida,
Escrevo acometida pelo torpor das rochas, enquanto procuro o som da chuva dentro do meu sono.
Não se faz presente nenhum labor da natureza. O corpo de uma planície oferece-me o mais completo silêncio.
Apenas a tua voz me arranca a essa prestação dos justos, quando a noite nos encena o teatro da morte.
Ouço-a como se as tuas mãos me tangessem a mais bela música. As palavras nunca me pareceram tão reais. Tu nunca foste mais real.
A noite nunca foi o abraço azul tão próximo do teu peito. Com tanta suavidade, prefiro a incógnita à funda realidade.
Ainda assim, as palavras têm um rosto. E eu colo o teu olhar no fim do poema, sublinhadamente como um selo lacrado, da emoção que se abre ao quebrar o gelo.
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