17.9.20

O pó da casa

Tudo que a memória arrecada permanece indelével no pó da casa.

Um só sopro e volta tudo à poalha luminosa que circula no ar da casa.

Sem essa poalha que dança e cai no soalho, que seríamos nós agora?

Se não tivermos memórias desenhadas na alma, somos pedras do arco de volta inteira que suporta a casa.

Se se dispersam já as velhas memórias, preenchemos a casa com palavras encantadas, rente ao rodapé em redor da alma. São grãos de pó que não sabem nada da matéria antiga que nos fascinava.

Não temos corpo presente. O corpo é a casa.


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