Dói-me a seca e dói-me a terra gretada, a terra estéril, sisuda e inválida
Dói-me a guerra, a vida separada entre gente do mesmo sangue e tantas vezes da mesma terra
Dói-me a o mal dos outros, a queda, a morte lenta
Dói-me ver gente perdida sem lugar mundo, custa-me ver o juvenil despejo de quem se vê excluído e perde tudo
Dói-me a doença, a incúria e a maldade. Sou todas as dores num mesmo cacto abespinhado de picos e sucos envenenados
Dói-me a solidão imposta, a cabeça rapada, o coração rapado, a mão trémula, a morte ali sentada
Também me dói o amor que não tem vaga, o suicídio do amor, a casa abandonada
As minhas dores são perceções inacabadas. Nunca saberei o que sofre o outro, nem sequer sei se me dói a minha própria alma
Só sei que tenho tudo e não me sinto afetada.
Dói-me saber que vejo e não faço nada
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