21.10.20

loas

o casario atravessa a cidade nas suas ruas alagadas com perfis de velhos à janela à espera do arco-íris. ali estou eu daqui a alguns anos. ali estou eu já. sabemos o que seremos antes de sermos,

uma consciência que dói por dentro, antes ser animal efémero com menor viver mas mais intenso.

a chuva já não tem poesia é apenas uma alteração da natureza feita para gatos de interior. os gatos não reconhecem a chuva a não ser nas patas. água do céu.

continua a chover, continua o silêncio, quase tudo continua, muita coisa continua e nós também continuamos tu e eu preços por um fio de chuva que uma aranha cega quer descer.

o mundo decapita o pensamento, enquanto a loucura se reparte por todos e a expressão é um grito rouco a crescer. só os gatos não sabem da chuva a cair. é apenas água. um pardalito veio na boca do gato que não sabe porque o quer comer.

a inocência é a morte do mais fraco. receio que o mundo enlouqueça antes de eu morrer ou me destrua antes de viver. 

preciso de abraçar profundamente a tua dor.

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