3.12.20

Chegar e partir

Fazemos quilómetros em volta de nós mesmos e voltamos invariavelmente a nós, com gosto de chegar e vontade de partir. A permanência só nos serve quando quando estamos longe. Falo de mim, generalizo, mas eu sei que entre chegar e partir há distâncias desmedidas, porque dois pontos nunca podem coincidir se o espaço tempo os separa. Eu gosto mais de partir, mas depois de chegar, rapidamente preciso de partir de novo. 
Afloro os espaços, bebo-os avidamente, regresso a casa, mas não parece casa, porque volto a querer partir. Sou impermanente com os lugares mas sou-lhes fiel quando os adoto. Com as pessoas sou o inverso. Gosto de chegar todos os dias ao mundo interior que construí e receio sempre partir. Mesmo que o encontro seja um rápido cruzamento de palavras, espada para cá e para lá, essa é que é a minha casa, o local onde sou autenticamente eu.

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