estas noites frias ferem os ossos, com o mesmo frio da neve acumulada no cume das alturas
há vento a vigorar o mundo, abatendo montes e empinando as ondas, como se o mar quisesse engolir tudo
há gente a fugir da tempestade, para os seus limites íntimos onde a animalidade impera: perante o rigor das tempestades somos todos feras
tenho em mim a substância do medo que o céu se rasgue e me devore em água, neve e vento
mas tenho a temperança do sossego, do embalo da chuva em sono, sonho e um tranquilo bocejo
a noite acolhe tudo o que mais tenho, a suavidade do amor, o carinho, a paixão, o desejo
embrulhada numa manta de bem-estar, a tranquila vida que antevejo, a suave morte que desejo
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio