5.12.20

Relato da chuva

estas noites frias ferem os ossos, com o mesmo frio da neve acumulada no cume das alturas

há vento a vigorar o mundo, abatendo montes e empinando as ondas, como se o mar quisesse engolir tudo

há gente a fugir da tempestade, para os seus limites íntimos onde a animalidade impera: perante o rigor das tempestades somos todos feras

tenho em mim a substância do medo que o céu se rasgue e me devore em água, neve e vento

mas tenho a temperança do sossego, do embalo da chuva em sono, sonho e um tranquilo bocejo

a noite acolhe tudo o que mais tenho, a suavidade do amor, o carinho, a paixão, o desejo

embrulhada numa manta de bem-estar, a tranquila vida que antevejo, a suave morte que desejo



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