12.12.20

Desaparecemos

Tenho a certeza de que às vezes apagas a luz com o mesmo sopro com que me tiras o sono. Fico a pensar se existirás, com as mãos nos bolsos num sítio qualquer, com a clara aba do teu peito aberto contra todos os ventos ou se já estás para além da linha regular do quotidiano, tão para lá que as tuas mãos não deixam impressões digitais onde tocam, os teus passos são asas e a voz cada vez mais ida para dentro, para dentro, no mundo de algodão insonorizado, o pleno silêncio.

Tenho a certeza de pouca coisa. Sei que também eu absorvo o silêncio como a religião do amor.


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