13.12.20

encantamento

escrevias o lume em guardanapos, quando as manhãs rompiam a névoa e a noite ficava esfarrapada na dobra dos caminhos 

eu limpava os lábios com o lume que lia porque era a primeira vez que me tocava a voz da poesia

mas foi mais do que lume ou literatura, mais do que lua ou loucura

foi como encontrar a sombra de todas as sombras, a matriz da criação, o colo, a paternidade, a curva dócil onde me cabia o coração, um sabor quente a água seca no corpo distendido

terá sido um encantamento para a vida
não se explica a atração, nem se explica o que se perde e o que fica


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