12.12.20

O recinto mais estreito

A minha vida é tão interessante como a de um gato caseiro perdido em sonhos de pássaros, como a de um autista perdido em soluções, como a do capitão de um navio parado. 

Tenho medo de desaparecer, tenho medo de deixar de pensar, tenho medo de deixar de ser pessoa, tanto quero esta espécie de refúgio do mundo inteiro, sozinha, em fuga, para o recinto mais estreito.

Preciso que me abraces, preciso de sentir que a tua essência me cerca, preciso de sentir que a noite não é este buraco traiçoeiro, preciso de sentir que estás bem, preciso de te sentir para te segurar, não estejas a desaparecer como eu.

A vida não tem de ser interessante, mas tem de ter fundo, chão para pisar, corpo para caminhar, olhos para comer, absorver e refletir a alma enamorada. Dentro de mim, sem ti, sou apenas eu, pouco mais ou menos que nada.


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