Antes que a luz volte, deixa-me abraçar a escuridão das sombras do teu corpo. Prime o botão da noite devagar, deves-me fogo, facas finas na garganta, deves-me o silêncio das mantas
Antes que a luz volte e o tempo caia, deixa-me encher cheia a esperança que a bateria que falha acabará por cortar esta hora de bonança
Antes que a luz volte, anda, ama-me com uma brevidade lenta, pois curta é a noite, muita a chuva dança e a carne é branda
Antes que tudo esmoreça, beija-me a trança que entranço para te ver. Entra nas centelhas e arde comigo o luar de fevereiro
Antes que a noite vença, vencemos o corpo, vencemos a mudança, vencemos a morte e as estrelas, vencemos quem vence, apagamos as distâncias
Antes que a luz elétrica venha, a escuridão é nossa, subtilmente perversa na espinha dorsal do verso de um curto-circuito caseiro
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