28.3.21

Pretéritos

Temos muitos pretéritos: o tempo imperfeito, que replicava diariamente o mistério, o tempo perfeito que fechou e abriu portas e janelas, uma de cada vez, e o mais que perfeito, aquele que antecede o tu, AT (antes de ti) e DT (depois de ti). Eu tinha sido, não sei bem o que fora eu antes, porque tinha vivido lisa de emoção. Depois, no percurso DT temos o que temos sido, um pretérito perfeito composto, às vezes iterativo, às vezes frequentativo, com um valor aspetual durativo.

Mas o presente, sempre o temos tido. Um presente indiferido como que epitolar. Deixamos o lenço verde na janela, lemos, devoramo-nos, caímos sós no meio de todos os pretéritos.

E afinal quem nós devora é mesmo o tempo.

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