desistimos porque nos submetemos
submetemo-nos porque desistimos
e não há desistência que não seja submissão
à força insolente do destino
não está escrito nas estrelas o prolongamento das coisas
se estivesse, os cometas seriam ostras e as ostras encheriam oceanos
com suas formas toscas
mas os seres são o prolongamento uns dos outros
uns semeiam-se no sangue e no seio
daqueles que os ouvem
outros escavam fossas marinhas
na pele de quem os acarinha
por isso a desistência é contra natura
nunca o mar recolhe as suas ondas
nunca a erva inverte as folhas puras
aceitar é outra coisa. a remoção de um corpo faz-se
de dentro para fora com uma faca aguda ao longo da espinha.
aceito o golpe, não a ferida, a escolha não foi minha
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio