Eu nunca sou o depois, sou sempre o antes. Vivo no esteio de todos os limites e depois de mim vem sempre o melhor. Mas eu fui o antes, o difícil, o árduo junco que borda a ribeira, sem passagem à vista para o depois.
Mas eu gosto de ter sido. Ter sido quer dizer ter plantado, ter regado, ter cuidado do amor, da planta seca, da árvore menina.
Ter sido é já não ser, mas eu não me importo de já não ser seja o que for, porque isso atesta que já fui.
Vivo no limite das decisões. Quebro todos os dias as paredes fortes do hábito e rasgo as acomodações. Começo de novo o que desfiz e desfaço o que não fiz, se não mo amputar o destino.
Vou recomeçar. Podes seguir-me se gostas de mudar. Basta subir as escadas estreitas de um prédio sem elevador. Estarei no alto a decifrar os teus versos de amor. Se me escreveres, também te pinto as nuvens lá do alto. Só espero que as escadas não me quebrem na subida. Ou que o amor se inscreva no presente, na minha vida.
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