4.5.21

Comentário

As minhas asas são curtas para tamanhos voos, tais como pendurar o coração no fumeiro e esperar que seque, enquanto lá fora há borboletas com menores vidas, mas corações mais palpitantes.

As minhas asas voam de sul a norte na escala numérica do amor e, tantas vezes, da morte. As minhas asas são frágeis frases de amor que o vento leva. Não voam, apenas planam. São de puro hidrogénio líquido, velhas quimeras.

Pudera o amor ser matéria e corpo. Mas não é. Condenada à maldição da poesia, a vida desvanece a ilusão, o amor morre nas asas enfim libertas, demoradamente, sem paixão.

Fico mais perto do amor, quanto mais longe o depuser. Somos corpos contíguos a léguas dos que o são. Ama o que puderes, mas não venhas cedo, deixa-te ficar no limbo da renúncia.

As minhas asas quebradas! São mudas, crescem para o chão.


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