19.5.21

Desabafo

Estou desfeita em mil bocados de dor, cada um a voar em sua direção, como após as explosões de gás nos bairros velhos das cidades

Estou entre tantas vidas e nenhuma vida é minha, nenhum risco me risca o corpo, nenhuma risca acresce ao vestido simples que levo de noite

É tudo tão patético na vida das pessoas, todos somos seres rastejantes que buscamos algo do lado dos outros, um corpo, um sabor, um encantador de serpentes, o plágio,  a bebedeira, a compaixão, o desejo, um orgasmo fácil, uma noite de farra, uma meia sem malhas, coentros, um sorriso perdido, a inversão de marcha, o fim da penúria

Não há. Já houve e esgotou-se. Não esperem nada de ninguém. Abram a porta a vós mesmos, rastejem para dentro, procurem o que não têm, mas longe, não aqui, não aqui, não nos outros, por favor...


(Texto não dedicado a quem costume ler-me)

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