O poema de amor pode surgir entre o sono intermitente, com a mesma timidez do pintainho, certo de que vai rasgar a noite de uma casca muito delicada
Quando surge, o poema desenha a curva assética do sobressalto, um relógio de súbito ativo no coração acabado de chegar
O poema cresce numa cratera lisa onde o fogo vivo se nutre da solidão.
Depois, eclode e é sereno e súbito como uma avalanche a chegar: no silêncio, as palavras sólidas, dispersas, caem sobre a encosta e desenham corações de neve a sangrar nas pedras. Ou pedras a nevar no coração
Nunca se sabe como cresce e cai um poema de amor, entre a vontade de ferir e a de sarar, a de dar tudo ou só a mão
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