27.5.21

versos da saia rodada

era uma vez uma coruja

era uma vez uma batalha

era uma vez um arlequim

uma ânfora cheia, uma talha


era uma vez um gentio

que andava pela praia

era uma vez uma mulher

que rodava a sua saia


era uma vez uma casa

na travessa da agonia

vinho novo se bebia

em copos feitos de asfalto

 

era tantas vezes a luz

pela alta madrugada

era por vezes a voz

de um poema na água


foi tantas vezes amor

foi tantas vezes verdade

que a casa resplandeceu,

o gentio em debandada


a coruja não pia nada

a talha foi consumida

só ficou o arlequim

e o ardor da batalha


a mulher foi avisada

nas alvas águas da praia

não tinha vento bastante

para rodar a sua saia


assim terminam as histórias

de mentira ou de verdade

tudo que foi já passou

o que fica é quase nada



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