era uma vez uma coruja
era uma vez uma batalha
era uma vez um arlequim
uma ânfora cheia, uma talha
era uma vez um gentio
que andava pela praia
era uma vez uma mulher
que rodava a sua saia
era uma vez uma casa
na travessa da agonia
vinho novo se bebia
em copos feitos de asfalto
era tantas vezes a luz
pela alta madrugada
era por vezes a voz
de um poema na água
foi tantas vezes amor
foi tantas vezes verdade
que a casa resplandeceu,
o gentio em debandada
a coruja não pia nada
a talha foi consumida
só ficou o arlequim
e o ardor da batalha
a mulher foi avisada
nas alvas águas da praia
não tinha vento bastante
para rodar a sua saia
assim terminam as histórias
de mentira ou de verdade
tudo que foi já passou
o que fica é quase nada
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