Chegaste à noitinha rente aos arbustos do quintal. Estava escuro na casa e as velhas tábuas contavam-me histórias passadas. Trespassavam-me vozes, tantas, de pessoas subitamente silenciadas por uma foice fatal.
Amor, eu sou a síntese de todo o rumor que a morte causa no universo. Poetas, seres magníficos de vozes intemporais, sem saberem que estão já mortos como os demais antes deles.
Amor, sou um diapasão de sons idos, de emoções inúteis que outros houveram. Estava encerrada na casa escura.
Então, tu chegaste e, ao pisares os arbustos secos do quintal, esmagaste os meus lúgubres pensamentos.
Entrou o sol e fez-se tarde ao rés do luar. A vida veio com a tua voz. Amor, salvas-me sempre da minha própria morte.
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