Há quem tenha laços de pertença a um clube ou a um bairro, ou seja ao que for, e por isso mesmo, há identidades diversas no vasto laranjal do mundo. Gosto das pessoas que são alguma coisa, claramente homens e mulheres da comunidade ou da corporação , seres muito sociais e amados. Eu tenho pena de não ser nenhuma dessas coisas. As minhas ligações são associações ocasionais e dispersas com determinada arte, determinado grupo, mas não me lembro de ter plantado uma árvore em nenhum desses sítios. As coisas passam por mim, exatamente como casas num comboio e eu alcanço o que posso, mas nunca me consegui agarrar. Tenho pena de ser do mundo sem estar em nenhum mundo. Construí o meu como um abrigo enorme, onde cabe muita gente, mas de tão imenso ninguém se quer perder lá dentro. Nem eu que sou apenas uma pessoa entre tantas com passos perdidos no coração e nenhuma convicção convincente.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Ângulos
Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Há quantas luas levamos o tempo às costas, nas mãos alagadas de suor? E há quantas luas lemos os seus sinais, as nuvens que a encobrem, rasa...
-
Atravessar contigo o rio, comove tanto, o passo tonto. Atravessar contigo o rio, uma pedra, outra pedra, saltas tu, salto eu, aqui dá fundo,...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio