os dias de março alongam-se aos pés do mesmo sol, ardem desmesurados de luz. atardam-se nas varandas, rasam as roseiras, atordoam o mar de infinta lonjura.
para que são tão grandes os dias de março, por que atormentam de crua luz o sono dos velhos, as horas dos cegos, a espera por quem não vem?
os velhos não sabem a inutilidade da espera. a essa fita tensa prefiro a lassitude de estar.
por isso, adoro os dias de março. bebemos um refresco no terraço, tiritamos de frio e vamos para dentro recolher-nos no nosso inverno privado.
como sempre estás, eu já não espero muito. nestes dias de março apenas vivo a vivacidade da vida. esperar o quê se tudo, a calmaria, o céu cerúleo, o teu infinito ser já se encontram no meu mundo?
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio