28.3.22

para me entenderes

o cristal destas palavras parte-se facilmente. basta cair em mãos distraídas, as mãos que observam sem ver, sem tatear, as mãos que afloram, ao passar, as vitrines da baixa.

tudo o que se diz é frágil sem o ninho de um contexto. se me leres, sabe que o contexto sou eu e a minha voz, as minhas vozes, os meus segredos.

para me entenderes, terás de ter amor em excesso, amor a transbordar de imperfeito, paixão contida a teus pés.

mas se quiseres saber mais, não leias. quanto mais nos escrevemos menos nos vivemos, mais nos transfiguramos.

é a maldição da poesia, quando ela não nos basta para a ilimitada grandeza dos sentidos e dos dias.


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