Aceitamos tudo, dizes, como aceitamos tudo? Entardeceu-nos a revolta, o sangue quente, embranqueceu o cabelo e o olhar, esbatemos tudo na ara de um sorriso triste. Será isso a antecâmara do tempo, o fim do prazo, um prazo para tudo, até para deixar de brasonar? Como é que aceitamos tudo? Como não corremos tresloucados para o amor, como nos privamos do amor, talvez a única dívida que temos sem prazo de validade. O amor, sim, eterna insaciedade, como aceitamos a ausência, a saudade, a deplorável distância? Ainda hoje me senti atraente, atraída, rebelde, levemente leve como bolha de água mineral. Hei de continuar a eclodir como um girassol fora de tempo, disse. Mas depois, aceitei a noite nos seus loucos intervalos. Sem gente.
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