
(Foto-montagem minha: La Villette e pirâmide do Louvre)
meras meigas melodias
as oferendas já sem cor
a casa de rendas molduras
fetiches meus sem valor
meus passos soalhos já idos
nos olhos rangiam felizes
e as faces narradas
entre ouro, prata e palha
no hálito das molduras
continham a poalha das nuvens
a melancolia de todas as coisas
são flores antigas
de uma terra tardia
bagas selvagens
este vento as arde
porque as quis recolhidas
antes que tudo me apagues
a vida a vaga a ventania
o verde que ainda me arde
apagarás o meu nome
não apagarás os meus dias
em nenhuma tarde viverás
o paraíso que ignoras
maior será sempre a dor
do filho que não nasceu
ou veio da neve
plantarás um dia as flores
que deixaste secar
longas são as horas da fuga
trilho-as uma a uma
nas cidades em lamas e brumas
e sóis que comeram a as estátuas
afundo-me
para que não me afundes mais
o prumo da raiz
vive, mas tapa a tua vida
deixa que te inunde
mas não grites tão alto
a febre e a fantasia
que o teu pé me calque
a floreira
e que seja funda a indiferença
quero que a terra me prenda e me sustenha
a palavra que me corre imensa
e soará nas margens do teu leito
como litania de outros corpos
lava, lume, incenso
nunca saberás da seiva a efervescência
porque não eras tu afinal
o adubo, o fermento, a firme fragrância
o lugar de todos maior
onde sorri o rosto do amor
.
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