24.10.08

antes caminhávamos à beira das rosas
e púrpuras verdades nos advinham
incautos sem freio nos prendemos
exilados e estranhos, próximos cativos
envidraçámos sem querer os nossos sonhos

hoje já cruzámos o extremo infinito
e infinitivos como nuvens sem destino
libertámos a vontade e vinco que trazíamos

como por vazios desertos letra a letra fustigados
de areia solta e semântica de amar
a vida nos achou inesperados

nada tens de meu, nem eu de ti
algo tenho
e parece que toda a minha existência
nasceu deste empenho
de falar para ti

e não daria, longa que fosse,
para contar todas as letras
e o amor fundo que te descrevi
e conheces doce

já teria partido, mais vezes
que mil, pois que se te achei, certo é
que ao achar-te te perdi
pois nunca te terei
mas sempre que olho por ti
e o teu olhar vejo adensado
não consinto meu amor
que um dos dois fique parado
a ver o outro sair

reafirmo-te com a mão
para te libertar como a uma ave
pois se há doces cativeiros,
como este que o meu corpo te abre
também há vidas vazias, tão soltas,
tão livres e tão voláteis
que eu juro meu amor
que me encarcero em ti de vontade...

um dia serei eu quem olha
o teu adeus demorado
será um olhar de pássaro que sabe
a migração dos seus sentidos
e resignado parte, enquanto eu...
fico para fechar o nosso mundo
devagar trancando bem o postigo...

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