esta noite detinha esse relógio que te ocupa a cavidade da memória
geologicamente, uma avalanche plena e branda nas abas do corpo
céu e montanha unidos no voo afoito
com o avanço prenoitado dos meus gestos prolongar-te-ia
de um modo inteiramente novo
era crível que tudo parasse em redor dos teus olhos e
que nas tuas mãos se alojasse minuciosamente uma flor
ouvir-se-ia nítido o perfume do teu sonho
açucenas leves em meu riso prisioneiras
a incisão funda dos dedos na fronteira mais acesa dos sentidos
celeiros da pele, nutridos pelos lábios mensageiros
pois eu poderia deter ainda em neve lenta
a eminência do verbo em avalanche
esta noite nós seríamos mais perto do futuro
o lugar que nos unia dantes
meu amor, ver nos teus olhos
o silêncio milenar do tempo, saber que em teu redor
roça a paz verde dos montes
ver em teus lábios assomar um pacto antigo
calado e imenso, como um novo testamento
esta noite o frio é mais sereno, mais lânguido
o leito da palavra
tudo nos reverte nas lacunas do tempo,
a neve é apenas o incenso onde plana o encontro
que tardava...
.
boa noite...
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