
perto de ti o medo é um pássaro leve
sem peso no ramo dos meus ombros
perto de ti o corpo acede à condição de corpo
e é coisa leve como o medo e como o vento
perto de ti pressinto vagas nos cabelos
um ondear de ossos e de músculos
que pode ser mar ou apenas fluxo
de um rio chamado desejo
perto de ti sou apenas como sou
sem atavios ou adornos,
trémula na pele franzina
e no lume atento dos olhos
perto de ti o sangue segue
a ciência do prazer: uma espécie de sede
que se aloja nas palavras
vogais líquidas, fricativas, sílabas alvas
para te doar a oratória do meu corpo
nas nossas secretas albas.
boa noite...
e beijos muitos
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