25.12.09

Boa Consoada

noite iluminada, esta,
pela encosta descem luzinhas
e lendas velhas vestem as bocas,
das consoadas que antes houve
em cada casa assoma o brilho e faz-se a festa
no coração da gente boa parte o calor
que ao mundo move

e eu estou no centro deste universo
ateio o fogo frito a filhós, acendo a vela,
trago os embrulhos até à sala
e entre os presentes escolho aqueles que
cada um espera

e é tão grande o sorriso e tão quente o abraço
que recebo, que tanto me basta
para ser feliz com o que tenho

afinal, o meu maior presente é esta noite de harmonia,
esta lareira acesa no olhar

mas não está completo este lugar
a noite vem ter comigo, silenciosa e quieta
e tudo em meu redor parece de cristal
ouço tinir os sinos da infância,
a missa do galo, o canto dos homens
no adro da igreja
a fogueira da praça e as brasas que
levamos para casa tudo me crepita
na memória, já tão antiga

e depois, faltas-me tu e a tua voz audível
falta-me o carinho que sinto de veludo
falta-me um abraço mais forte,
uma estrela tua, uma linha na tela,
um poema rabuscado, uma Lua posta à janela

faltas-me e o Natal fica assim entre a infância plena
e a magia, quase plenitude, quase Lua cheia,
quase nascimento, quase oração
e o muito que me resta
do tanto que já tive, sem ti, faz a noite quente
parecer inesperadamente fria...

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