noite iluminada, esta,
pela encosta descem luzinhas
e lendas velhas vestem as bocas,
das consoadas que antes houve
em cada casa assoma o brilho e faz-se a festa
no coração da gente boa parte o calor
que ao mundo move
e eu estou no centro deste universo
ateio o fogo frito a filhós, acendo a vela,
trago os embrulhos até à sala
e entre os presentes escolho aqueles que
cada um espera
e é tão grande o sorriso e tão quente o abraço
que recebo, que tanto me basta
para ser feliz com o que tenho
afinal, o meu maior presente é esta noite de harmonia,
esta lareira acesa no olhar
mas não está completo este lugar
a noite vem ter comigo, silenciosa e quieta
e tudo em meu redor parece de cristal
ouço tinir os sinos da infância,
a missa do galo, o canto dos homens
no adro da igreja
a fogueira da praça e as brasas que
levamos para casa tudo me crepita
na memória, já tão antiga
e depois, faltas-me tu e a tua voz audível
falta-me o carinho que sinto de veludo
falta-me um abraço mais forte,
uma estrela tua, uma linha na tela,
um poema rabuscado, uma Lua posta à janela
faltas-me e o Natal fica assim entre a infância plena
e a magia, quase plenitude, quase Lua cheia,
quase nascimento, quase oração
e o muito que me resta
do tanto que já tive, sem ti, faz a noite quente
parecer inesperadamente fria...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Não consigo viver mais dias. Já são tantos e tão inúteis. Preparo lentamente a minha fuga, a maior de sempre. Será rápida e ninguém dará por...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Entre montanhas planeio voos e plano sobretudo o lugar da ilha A vida existe mesmo que a não queira. Mesmo que a chame e a submeta aos pés d...
-
A idade é um percalço programado. Nas pedras é musgo e pó. No corpo é uma delicadeza de cetim amarrotado. Nesse pano acetinado a idade não s...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio