28.10.10

transborda o silêncio hoje nas ináguas da noite, reduzidas a pó e nevoeiro as lembranças vagas de tudo o que quase fomos. rodear a noite e render-me ao risco de ti, o sulco rasgado ainda, a carne leve e luminosa quando te leio na margem sedosa das rosas. e a luz que rasa este poço dentro da noite,é uma possibilidade imensa que abre e fecha o parênteses do sonho,  assim, de improviso, tão tarde para te conhecer e já esqueci o que nunca soube, sob o chapéu que te oculta o gesto. tomas contornos materiais que ouso amassar, amealhar, moldar como barro na minha imaginação. talvez capte a tua voz bronzeada e me deite a sonhar com o seu som. e depois, o teu peito de guerreiro, os lábios, a doçura dos olhos, a forte lentidão dos músculos, homem, serafim, mortal divino - tu. Tal como te supus, eros ou sansão, erguido assim pela explosão das palavras, eu sei, talvez te resgate ao sal e te adore estátua de ilusão.

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