não sei se abraço a chuva ou se é ela que me abraça
tudo faz parte do mesmo momento universal
a chuva a dormência e tu
ou a vontade de me arrancar ao torpor
para te alcançar
afundo-me numa espécie de bem estar
com bilhete de volta assegurado
para o limite dos teus braços
sinto que acordada estou contigo
mas na verdade é no sono
que a entrega se produz
do filme passam imagens dantescas
um mesmo figurino que na distância se repete
eu presa a ti numa tela de fascínio
tu preso a um filme que mede os movimentos descontínuos
de uma presença no lugar de coxia junto ao teu
e se não fosse a chuva
não passaria de uma mera cena familiar
de urbana mouraria
mas com a chuva fica a ser um palco intemporal
de profunda empatia
em que cada qual cumpre e amplia o seu lugar
num caso de amor e fuga
os amantes das palavras escritas
a coberto de uma vulgaríssima chuva
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Ângulos
Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Há quantas luas levamos o tempo às costas, nas mãos alagadas de suor? E há quantas luas lemos os seus sinais, as nuvens que a encobrem, rasa...
-
Atravessar contigo o rio, comove tanto, o passo tonto. Atravessar contigo o rio, uma pedra, outra pedra, saltas tu, salto eu, aqui dá fundo,...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio