7.3.11

tempo



o tempo rouba-me tempo
e, sem tempo, não há tempo de roubar tempo
à grande árvore do tempo

o tempo passa e nós passamos o tempo a passar
de tempo, a mudar de tempo, a ocupar o tempo
mas sem conseguir convencê-lo a ficar

o tempo não tem face, só tem pressa
e quando é tempo de resgatar o tempo
não nos sobra tempo para tanto

nem o tempo se resgata com o que nós temos
para enganar o tempo é preciso ser feliz
e saber vivê-lo sem que nos pressinta
sem que nos distraia o que ele diz

quero que o tempo seja como a hera
espalha-se e prolifera
sobe em altos muros e árvores belas

envolvendo nos seus braços o presente
a sua bastante e única era

quero que o tempo nos conjugue
como um verbo do coração
em uníssono, com muito tempo,
para que o sangue (nos) cresça e palpite
como o tempo, mas com tempo

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