Uma mulher não parte, não dobra o amor como um guardanapo, mas pode permanecer algures, pedra que alguém desalojou, coberta de musgo novo, no frio que o sol apagou. Uma mulher é uma pedra poderosa, às vezes cai, outras prende-se na terra e germina.
Uma mulher pode crescer e ser a árvore mais velha da floresta, mas dentro a seiva sobe e deixa muitos ramos livres para crescer, flores em festa, frutos lentos de saborosa casta.
Uma mulher tem vidas variadas. A melhor de todas passa-se num universo obscuro que não tem nada. É o mundo etéreo da matéria impoluta das estradas, o lugar da magia agregadora da madrugada, o mundo onde as coisas sem contornos parecem ser absolutas verdades encenadas.
Uma mulher ausenta-se de si. Perde-se onde não há mais nada, a não ser a febre que a agarra e a prende a ponto de implodir. Pode ir para esse mundo contando até três. Vai sem partir, parte sem ir. Passa-se o mesmo com o amor.
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