15.11.21

o absoluto

Tenho pedaços de mim dispersos, quero achar-me inteira mas explodi em cada palavra, implodi coisas normais como a respiração, as cinzas, a magreza da sorte. Resignação e renúncia são fugas que não uso, antes a loucura e a cintilação patética do amor. Por isso, afirmo-te sempre, quotidianamente, como o meu devaneio maior, a minha curva imaginária no abismo e antes adoecer nele que ser saudável na placidez. 

Cartas tenho e tive que nem eu leio, linearmente alinho o tempo do princípio para o fim para achar no meio alguma virtude que me justifique e assinale viva. Sei que venci a barreira do amor, com um coração ultrassom, veias ultra douradas e sangue duradoiro na persistência em buscar-te. Onde sei que existes estou. Onde não sei também estou, porque és claramente a minha versão biomagnética do amor. A minha patente biosintética da capacidade de amar. 

Sei que o equilíbrio cresce algures entre a tua versão atualizada e a minha duração temporal abreviada a uma década, talvez duas imensas décadas de espera, entremeada com fluxos de vazio. Serei eterna nesse deserto repleto de mim. Não me apontem a normalidade, porque só a complexidade me serve, bons repastos de dor e remissão, o ciclo vital da existência. E não me apontem soluções intermédias porque só o absoluto me serve. E o absoluto, continuas a ser tu.


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