30.11.22

Gastar o tempo

Há tanto tempo ainda para encher, como os sacos cheios de velhas folhas de outono no meu jardim

Não sei como vou encher o amanhã, o dia depois e o seguinte. Sou maquinal e precisa no trabalho que habito por assim ser o mundo

Sou tão útil de manhã à noite, que me ponho a pensar na mó que mói o trigo na minha memória 

E essa sim era útil para o pão nosso que faltava e eu sou só útil para encher papéis com percentagens, evidências, estatísticas, é como descer à terra os mortos e contar os vivos

Tanto tempo a preencher e nada a meio. Como é que eu vou matar o tempo? Pensarão as árvores nisso, elas que não morrem levianamente e vivem positivamente longas?

Viver, senhores, já cansa!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

Ângulos

Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...

Mensagens populares neste blogue