Há sempre um antes e um depois: de Cristo, do nascimento das rosas, do fim da melancolia, de ti.
Tu foste o depois de tudo que ainda não vivi.
Deixei que o tempo me pousasse e, teimosamente, permaneci, deixei-me ficar pousada, inerte, interior.
Julguei que o jogo que jogámos fosse a respiração dos deuses, sendo o prémio de cada parada, o devir.
Mas era com o tempo que jogava, o tempo é o demónio do corpo, a ruga na alma, o ricto no riso.
A intensa sedução, porém, persiste. Os olhos não envelhecem, apenas desenham a curva apertada de todas as raizes.
E eu escrevo-te de asas penhoradas no fundo de ti, contra a matéria e contra o tempo, escrevo como um acréscimo teu, como se o nosso mundo, no fim de todos os tempos, fosse tudo que sobreviveu
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