Atravessa-me um rio que me ensurdece
Trespassa-me um silêncio poroso e cristalino, passa pelas frestas abertas e ruge
Sinestesias finas que atacam as palavras apócrifas
Não o seriam se eu pudesse desatar todo este enredo, do pé para a mão, um remate profundo
Ficava imune ao medo, à morte, ao que viesse, nada ou tudo
A tua ternura é o declínio dos anjos, batem as portas pelo amor, mas são apaziguamento
Trespassa-me esta pena, atravessou-se em mim e derrama a tinta que te fala
Não posso viver o amor nesta morada, mas que os anjos me elevem ao sentimento puro e apodítico da voz amada
Falemos hoje, uma fala líquida, como o som da pedra no poço da mina
É este rio que me leva, não posso viver o amor nesta morada
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio