E nós, meu amor, ouvimos os sonhos dos outros, destilamos em aguardente as nossas paixões, contemplamos o nosso mundo sem sabermos que somos igualmente urbanos e rotineiros, neste quarto onde as palavras nos tapam o frio e o medo, a solidão e a fome de viver.
E nós, meu amor, que fogo nos arde que nos vai secando a pele em funda cicatriz, talvez se abra mais nestas noites próximas, eu falo, tu dizes, eu acendo, tu consomes, consumimos juntos a lenha deste amor.
E nós, onde estás, onde estou, onde nos achamos mãos e corpos, quando virás ver-me descer a rua a cirandar, num vestido preto e justo, como se a vida fosse festa ou funeral?
E nós, meu amor, meus olhos mouros, meu cavaleiro leal?
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