memória de chuva
tempos lavados irrelevantes
sem vulto
quando a manhã me deixa
sentada no bocal do sonho
quando me prendias
fogosamente fundo e eu morria em ti
como uma lânguida folha de junco
na força da corrente
sonhava velas
que viravam a montante
e eu, vivendo
existia como dantes
sonhava a memória da chuva
nas noites caladas frias
nós dois uma jangada à deriva
uma possibilidade tão certa
que no meu sonho sonhava
a palavra renascida e temporã
vinda do fundo do corpo
mas é quando o dia vem
que a magia nos sucumbe
percorremos as nossas sombras
e quando nos achamos,
a sombra somos nós
na efusão de um lume
que criámos sós...
.
29.11.08
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