eis-me enfim, de mim para mim
sem amargar os meus dias
com a amarga consciência do tempo
tenho poucos escombros
quase nenhuns
a minha vida passou
perto da luz
mas nunca num pontão a ocidente
nunca no limite evanescente
de poder dizer
estou viva como um salmo
nos lábios ferventes de um crente
tenho poucas ruas com nome
um labirinto de gente
distraída, apressada
ninguém que parasse
para me olhar de frente
não sei se os olhei demais
se os amei demais
se os quis demais
se o meu sangue vibrou demais
por serem gente
não me partiram
como naus famintas de
outros instantes
mas não ficaram no
meu corpo, ilha amante
de todas as ilhas
a mais meridiana,
Ítaca de seus olhos
navegante
regresso-me dentro
de uma viagem com
destino, eu que sou a partida
e a fuga
antes, muito antes
da palavra despedida
ficar entre nós alva e nua
e nunca, mas nunca saberei
porque me pus de todos
tão distante...
sendo ponte tão exclusiva
tão intimamente tua
onde foi que nos deixámos ficar
prisioneiros
de um lugar inexistente?
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