10.10.21

morte alucinada


um poema casual como roupa feminina sem expressão, um diálogo inaudível no amplexo noturno da cidade

um poema descabido como a vida que o nutriu, no deserto, no gelo, no frio

ainda assim, um poema macio, quentinho, como castanhas que o homem do crepúsculo assa, entre fumo e gente que apenas passa

um poema, enfim, no limite em que a noite e tu me dão a possibilidade improvável de uma mão

para que espero o que espero se o verbo verte a válida paixão, cera quente que chora o fim de um corpo

morri sem obituário, a não ser a certeza de que o amor ainda não

vivo sem que a noite perfile a vinda alucinada da morte. existo na certeza de que sou apenas uma costureira de feridas e de rimas, não uma tecedeira dos sentidos com a tua voz no coração


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