8.10.21

Canção sincopada

Fomos num pico de tempo, o mar vivo das palavras

Armámos setas de uma guerra prometida, quando chegavas

Ardeu o chão, a alma, a própria vida

Só nos restou do barco a velha quilha 

E de todas as memórias lembro a velha profecia

A dor da despedida dói menos que a dor da morte em vida

Por isso

Lançamos setas de uma guerra prometida

E dos anos que passaram, lembro aquela ventania

Muito cedo nos achámos, sem saber quem nos perdia

Duas estrelas a chocar, na noite dos prodígios

São setas de uma guerra que nem um deus maior venceria

Nem mesmo os faunos em altas melodias

Nem mesmo as mãos que a vontade nos unia

Por isso

Foram anos e anos, noite e dia e, se o tempo nos levasse atrás, 

Tudo de novo eu faria, vento de paz 


 

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