Adoro rendas nos punhos, na gola, no enclave do pescoço, aquelas rendas arrojadas que consumiram a vida de alguém, que comeram as horas, os dias e o vazio de alguém. As rendas nas dobras dos lençóis, as colchas de tricot, os lencinhos debruados a delicadeza, o enxoval que marcou a nossa auspiciosa vida matrimonial e agora nos enche os baús de uma ironia triste, adoro-os, porque são luxúria na alcova só em que me vejo.
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